8º Salão Bienal do Mar

Coordenação operacional e pedagógica da ação educativa da 8ª Bienal do Mar
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Célia Ribeiro e Erly Vieira Júnior
23 de dezembro de 2008 a 05 de fevereiro de 2009
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AÇÃO EDUCATIVA
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Coordenação e organização: José Cirillo e Neusa Mendes
Coordenação operacional e pedagógica:
Erly Vieira e Célia Ribeiro
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Erly Vieira Júnior, Patrícia Mendonça Almeida, Ítalo Ângelo Pereira Galiza, Thiago, Rejane Afonso Teixeira, Célia Ribeiro e Márcia Rodrigues Garcia do Vale

O 8º Salão Bienal do Mar, em Vitória (ES), promoção da Casa Porto das Artes Plásticas da Secretaria de Cultura de Vitória, delimitou uma mudança em relação aos salões anteriores. Transformado em bienal, nacional e internacional, apresentou treze trabalhos de intervenções urbanas de caráter efêmero e temporário, doze a partir de seleção entre os projetos inscritos e um de artista convidado.
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Desafios da mediação entre os passantes da cidade e as intervenções na malha urbana
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O público do espaço público
A ampliação do acesso a obras/objetos de artes visuais na Grande Vitória para além de uma restrita elite cultural é uma realidade recente. Se um considerável número de estudantes, crianças e adolescentes, de Vitória já excursionou com suas escolas em algumas exposições de artes visuais, a grande maioria dos adultos que povoa o centro dessa capital nunca entrou em um museu ou em uma galeria de arte.
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A agenda e o tempo da fruição dos transeuntes no centro de Vitória
A motivação para circular nas cidades obedece a diversas lógicas: a do trabalho no próprio espaço público; a dos deslocamentos para acessar serviços variados, locais de trabalhos, escolas; ver o tempo passar o tempo em uma praça, etc. Na maioria dessas situações a agenda se complica quando atravessada por imprevistos.

Das 13 intervenções da Bienal apenas 6 possibilitaram a intermediação entre monitores e o público
Os monitores da ação educativa puderam instigar a interlocução de maneira sistemática entre pessoas que circulam pelo centro de Vitória apenas com as intervenções Atenção Arte (Jo Name), Folhetim Sereia (Herbert Pablo Bastos), Nós vemos a cidade como a cidade nos vê(Heraldo Ferreira Borges), O Caminho das Águas (Piatan Lube Moreira), Você Vê? (Jean-Blaise Picheral) e O Retorno de Araribóia (Coletivo Maruípe) aaa

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Folhetim Sereia - Hebert Pablo Bastos
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Nós vemos a cidade como a cidade nos vê - Heraldo Ferreira Borges
aaCaminho das Águas - Piatan Lube Moreiraaaa

Fotos Erly Vieira Júnior

O Retorno do Araribóia - Coletivo Maruípe

Itinerância pelo centro de Vitória de uma réplica da escultura do Araribóia de Carlos Crepaz


aaaaaa Você Vê? - Jean-Blaise Picheral

Visita à instalação Você Vê? no dia da abertura da 8ª Bienal - Jean-Blaise Picheral conversa com o prefeito João Coser

A característica pontual em termos temporais e espaciais das sete demais intervenções inviabilizou a mediação entre elas e os transeuntes do centro de Vitória.
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A metodologia
As características dos vários segmentos do público, o desconhecimento dos pedestres a respeito da Bienal, e os comportamentos característicos aos diferentes locais onde estavam cada uma das seis instalações fixas, pontos de ônibus (Folhetim Sereia), Praça Pio XII (Nós vemos a cidade como a cidade nos vê), ruas (Caminho das águas), Praça Pio XII e Avenida Beira Mar (Atenção Arte), terminal aquaviário Dom Bosco (Você vê?), calçadas (ORetorno do Araribóia), desafiaram a construção de uma metodologia diversificada e inédita para os coordenadores operacionais da ação educativa, e para os quinze estudantes de Comunicação, Artes Visuais e Design envolvidos como monitores-intermediadores.
O caráter de novidade das estratégias adotadas reforçou a consciência da necessidade de reflexão durante todo processo da ação educativa, voltada não apenas para gerar intermediações entre transeuntes e instalações, entre grupos agendados para visitas e oficinas, mas também para dentro, para o grupo de monitores e para os próprios propositores da metodologia (os coordenadores operacionais e pedagógicos da Bienal).
Isto gerou um relacionamento reflexivo e democrático entre os participantes e se desdobrou em procedimentos de registros ao longo do trabalho, que incluiu anotações sobre as interpretações, reações, imaginários acessados e construídos por um público ‘alheio’ às artes visuais
Iniciávamos o turno da manhã e da tarde com uma avaliação do dia anterior e o planejamento do que começava. Ao final de cada turno os monitores realizavam um relatório sobre as abordagens do dia, incluindo os diálogos entre transeuntes e entre esses e os monitores. Esses relatórios eram enviados por e-mail a todos os participantes.
Além disso, depoimentos de pedestres foram gravados em vídeo, e máquinas de retrato foram disponibilizadas a transeuntes abordados para fotografarem pontos de vistas que mais lhe instigavam de instalações observadas.
O material desses registros foi analisado e permitiu a construção de estatística das reações e opiniões dos pedestres abordados e geraram edições de vídeo.
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Estratégias desenvolvidas e adotadas para interpelar, conduzir o olhar para as intervenções e instigar a reflexão
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1. Teatro Invisível

Exemplo C - Filipe Frauches Mecenas e Lucas Tristão Ferreira (Fotos Giovanna Maria Pereira Faustini)

Para instigar o olhar e o debate a respeito de algumas intervenções recorremos à forma de encenação do Teatro Invisível desenvolvida por Augusto Boal. Nesta modalidade teatral apenas os atores sabem que existe uma encenação. Os que a presenciam não são espectadores no sentido tradicional, conscientes de estarem assistindo a uma peça ficcional aceita como verdade num jogo de faz-de-conta. As pessoas que presenciam encenações invisíveis julgam e significam o próprio acontecimento e não a performance da encenação.
Esta modalidade foi mais utilizada para a intervenção Folhetim Sereia (Herbert Pablo Bastos) dos pontos de ônibus. O fato de ter um público parado por algum tempo aguardando a condução viabilizou o envolvimento com a encenação. Surgiram reações interessantes.aaa

Exemplo A - Cinco monitores formaram três grupos. A monitora 1 ficou sozinha, em meio às pessoas no ponto de ônibus. Duas amigas (monitoras 2 e 3) chegaram juntas e permaneceram um pouco afastadas da primeira. Pouco depois um casal (monitores 4 e 5) alcançaram o ponto de ônibus comentando que as pinturas ali realizadas eram pichações mal feitas. A monitora 1 aproximou-se, discordando afirmou que eram obras de arte. Perguntou ainda de onde eles eram. Responderam que do Rio de Janeiro.
Várias pessoas prestavam atenção na conversa. Quando eles falaram a procedência um rapaz se manifestou indignado: “No Rio não tem nada disso porque os tiros destruíram os vidros! Bala perdida! Não podem nem fazer nada!”
Um senhor que estava ao lado dele comentou: “É claro que isso é arte! As pessoas confundem, ou acham que não é porque não é uma coisa que está lá bonitinha, penduradinha e com moldura. Não é uma coisa que está num museu. Aí elas não percebem. Mas isso aí é muito legal.”
Outro transeunte disse: “Falam que não é arte porque está aqui em Vitória, se fosse lá no Rio eles diriam que é!”
A discussão se prolongou enquanto os atores se movimentavam entre as obras do ponto de ônibus. As pessoas os acompanhavam com o olhar, algumas tocavam a pintura, passavam a observá-las mais atentamente. Os atores as incitavam a opinar e surgiram elogios e críticas, essas comparando as pinturas com pichações.
Quando o casal de monitores se afastou, uma moça que elogiara as pinturas disse que eles estavam com inveja, por não existir no Rio de Janeiro esse tipo de intervenção, e concluiu afirmando que se essas obras estivessem lá eles achariam lindo!
As duas amigas (monitoras 2 e 3), identificadas como mineiras, começaram a se fotografar junto às obras. A monitora 1 se ofereceu para ajudá-las. Enquanto isso, o casal (monitores 4 e 5) começou uma nova discussão com um senhor, que também era carioca. Ele disse que as pinturas eram horríveis, e que se aquilo era arte os pichadores do Rio eram bem melhores. Disse ainda que pinta e que dá para perceber que a pessoa que fez aquilo nunca pegou num pincel. A monitora 1 continuou argumentando tratar-se de obra de arte e ele retrucou então que era “arte vadia”! Vê uma mulher passar, aponta e comenta: “Isso que é arte!” Em seguida citou a frase de um amigo que costuma expor no Edifício Fábio Ruschi: “é arte o que está e não está ali, é e não é”. A monitora 1 observou que ele acabara de definir a obra do Folhetim Sereia, sem dar atenção embarcou em seu ônibus que chegou.

Exemplo B – As duas amigas (monitoras 2 e 3) estavam no ponto. O monitor 4, afastado e sozinho, inicia uma conversa com uma mulher, ambos criticam negativamente as pinturas. A monitora 1 e a 5, atuando como turistas mineiras, fotografam-se, maravilhadas, junto às pinturas. Um casal idoso intervém na conversa das "mineiras". A mulher concorda e acrescenta que as pinturas deixaram o ponto mais sensual. Já o marido afirma tratar-se de “coisa de doido”, a esposa rebate dizendo: “Ele que é doido, não gosta de nada...”. Relata que o levou para ver as pinturas em outros pontos de ônibus, tendo ele se interessado apenas pelas que mostram o rosto e o corpo de mulheres. A discussão com esse casal durou um bom tempo, chamando a atenção de muitas pessoas. Por fim, a mulher falou para o marido: “Você é burro, não sabe de nada mesmo...! Isso é coisa da Prefeitura! A Prefeitura tá dando aula de artes!”.
Nesse mesmo ponto uma moça disse gostar das pinturas, mas que "aquela com dois corpos de mulheres e dizeres em francês" lhe causava uma impressão ruim por parecer sangue, remetendo a violência.
Enquanto isso o monitora 4 mantém a conversa com outra mulher que achou as pinturas muito cafonas, contrapondo o trabalho nos muros do Instituto Braille “aquelas tampinhas...” como exemplo de arte.

Exemplo C – Dois monitores homens (1 e 2) chegam ao ponto de ônibus apreciando e trocando idéias sobre a pintura, sua fatura, tinta empregada, técnica, etc.
Uma monitora (4) indagou a uma senhora no ponto de ônibus se a pintura era uma pichação, ela com convicção respondeu que não, pois era bonita e realizada com técnica. E ficou observando atentamente a pintura e envolvida na conversa dos monitores até seu ônibus chegar. Um senhor que a acompanhava discordou de seu julgamento.
Uma velhinha perguntou sobre um ônibus que ela queria, e espontaneamente comentou que as pinturas eram muito feias, e que haviam sido feitas à noite por mascarados.
Um senhor identificou dois elementos da equipe “como os autores deste ato de vandalismo”, referindo-se aos monitores 1 e 2.

2. Performance – Encenações sobre O Caminho das Águas

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Tamires Teixeira Nepomuceno, Marcel Nascimento Rosa, Mariana Schmidt, Lucas Tristão Ferreira, Michele Cristine Marques Rebello e Filipe Frauches Mecenas (foto: Célia Ribeiro)
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Monitores na sede da 8ª Bienal antes da performance sobre o Caminho das Águas; 1ª foto: Talita Goulart Arrivabene, Ítalo Ângelo Pereira Galiza e Tamires Teixeira Nepomuceno; 4ª foto: Filipe, Márcia, Rejane, Marianna, Lucas, Michele, Ítalo, Tamires, Giovanna e Patrícia.
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aaaMonitores saindo em busca da linha azul, causando estranhamento nos transeuntes

Fotos de Giovanna Maria Pereira Faustini, Michele Cristine Marques Rebello e Talita Goulart Arrivabene

Exemplos
A monitora Horrana instaurou uma performance sobre O Caminho das Águas. Caminhando sobre a linha azul perguntava aos transeuntes que encontrava se seguindo essa linha chegaria à rodoviária.
Essa idéia desdobrou-se em outras atuações, como andar em fila indiana sobre a linha azul, às vezes simulando gestos de braços como se estivessem nadando. Culminou com uma performance de todos os intermediadores caracterizados como banhistas e em fila indiana sobre a linha, abordando as pessoas, dizendo-se turistas e perguntando onde ficava a praia. Depois do primeiro contato, distribuíam um folder com fotos de Vitória antes do aterro que deslocou as fronteiras do mar, aludida na obra de Piatan Lube Moreira. Este folder foi produzido a partir da iniciativa e do projeto dos próprios monitores, e com recursos dos mesmos. Atitude tomada para atender a demanda por referências fotográficas de pessoas abordadas anteriormente em atividades de divulgação da Bienal.

Frente e verso de folder produzido pelos monitores Filipe Frauches Mecenas, Marcel Nascimento Rosa, Patrícia Mendonça Almeida e Rejane Afonso Teixeira, impresso por Patrícia

3. Incursões urbanas provocativas

Michele Cristine Marques Rebello

Realizada, sobretudo, nas intervenções Nós vemos a cidade como a cidade nos vê, (Heraldo Borges), composta por quatro espelhos dispostos um em frente ao outro e para as placas de Atenção Arte? (Jo Name). Monitores abordavam pedestres na Praça Pio XII e os convidava a entrar nos espaço entre os espelhos, ou estabeleciam uma conversa a respeito dessa instalação ou das placas de alerta de Jo Name. Durante as atuações observaram diferentes comportamentos diante dos espelhos, e obtiveram informações dos comportamentos dos transeuntes com vendedores de coco localizados na praça. Esta técnica também foi utilizada para a intervenção Caminho das águas (Piatan Lube Moreira) e Você Vê? (Jean-Blaise Picheral).

Exemplo de depoimento A - Uma vendedora de coco indagada por monitores sentados ao lado de seu carrinho a respeito do que se tratavam os espelhos no meio da praça, respondeu que era arte na rua, e que enquanto trabalhava costumava ver crianças brincando dentro, pessoas dançando, etc. Relatou que diariamente ia ao espaço entre os espelhos observar os vários pontos da cidade.


Exemplo de depoimento B - Um senhor abordado por monitores disse saber que se tratava de uma obra de arte, mas não compreendia, mostrou preocupação com a possibilidade de roubo dos espelhos ou mesmo sua depredação.

Exemplo de depoimento C - Achou muito legal, disse que sempre devia ter uma obra de arte na cidade, porque o cidadão não tem tempo de ir à galeria ou a um museu. E a arte, estando nas ruas, interage com as pessoas.

Exemplo de depoimento D - Indagado a respeito da linha azul no chão (Caminho das Águas) um senhor respondeu que desconhecia o significado, mas que ele via aquilo todo dia e algumas pessoas passavam por ele e perguntavam o que era. Após a explicação dos monitores disse ser interessante saber como o centro era antigamente, morador há 60 anos em Vitória, viu parte do aterramento.

Exemplo de depoimento E - Um taxista abordado reclamou que era coisa do prefeito, que ele faz coisas sem avisar antes e ninguém sabe de nada. Disse que era porque ele viaja muito e trouxe essa idéia inovadora para o Espírito Santo, mas não avisa o porquê do feito.

Exemplo de depoimento F – Indagado sobre as placas de alerta de Jô Name, um policial disse que nunca havia reparado nelas e que, se não falássemos, jamais teria percebido. Disse que provavelmente se tratava de alguma coisa cultural, porque na Praça Pio XII é comum ocorrer esse tipo de manifestação. Apontando para os malabares de uma das placas afirmou: “Se isso fosse em Gaza eu acharia que é um local de bombardeio” -

Exemplo de depoimento G - Uma senhora abordou os monitores na Praça Pio XII indagando sobre o significado dos espelhos, os monitores devolveram a questão perguntando o que ela achava que era, e ela respondeu que era uma espécie de auto-retrato.


Exemplo de depoimento H - Abordado pelos monitores um senhor disse não haver reparado nas placas, mas que achara muito interessante os espelhos, tão úteis quanto um relógio numa praça pública, sendo que a diferença entre os dois é que você olha o relógio, vê que está atrasado e corre. Já quando vê o espelho, pára para ver sua imagem e junto com ela está a imagem da cidade.

4. Registros fotográficos e depoimentos em vídeoaaa

Transeuntes fotografando-se junto à réplica da estátua do Araribóia

Vendedoras mirins fotografando-se junto à replica da estátua do Araribóia, na rua Sete, e filmadas por Erly Vieira (2ª foto); Horrana de Kássia Barboza Santos, Patrícia Mendonça Almeida e Tamires Teixeira Nepomuceno; Patrícia e o comerciante que lhe emprestou o cocar para as fotos.

Fotos de Michele Cristine Marques Rebello e Giovanna Maria Pereira Faustini

Esta modalidade foi utilizada, sobretudo, com a instalação O retorno do Araribóia (Coletivo Maruípe), em que uma réplica da estátua do herói esculpida na década de 50 por Carlo Crepaz, posicionada na Avenida Beira Mar, “perambulou” pelas ruas e pontos históricos do centro da cidade, surgindo a cada dia num lugar diferente apontando para alvos emblemáticos de poderes na sociedade, como a estátua de Pio XII, o palácio do governo, dentre outros.
Munidos de máquinas fotográficas os monitores convidavam a população a tirar fotografias ao lado da figura do índio em posição de luta, ainda que sem o arco e a flecha, perdidos da escultura original, como se cada local de combate do Araribóia em seu retorno ironicamente se tornasse em um novo “ponto turístico”.
Os monitores saíam à rua com câmera de vídeo, registrando depoimentos dos passantes, convidados a “escolherem” locais para os quais a estátua poderia ser levada no dia seguinte. Foi uma forma de colocar o público na posição do artista, experimentando, ainda que hipoteticamente, a decisão acerca do destino da obra. Várias questões surgiram daí como, por exemplo, indagações indignadas sobre o lugar do índio no Brasil deste início de século, o fato da estátua possuir traços físicos europeus, a rememoração de uma antiga marchinha de carnaval intitulada “Bota o índio no lugar”, referência ao fato de que a estátua, tal qual o próprio herói que lhe inspirou, ter tido um longo período de nomadismo, sem lugar fixo, transitando, nas décadas de 60 e 70, por diversos pontos da cidade, e até mesmo tendo sido esquecida por alguns anos num depósito da prefeitura.

5. Divulgação junto aos anônimos formadores de opinião

Patrícia Mendonça Almeida e Michele Cristine Marques Rebello com motoristas da linha Vitória/Guarapari

Giovanna Maria Pereira Faustini com guardas municipais

Giovanna Maria Pereira Faustini e Marcel Nascimento Rosa em banca de jornal


Marcel Nascimento Rosa com vendedora ambulante Fotos Célia Ribeiro

A divulgação explícita da Bienal foi realizada, sobretudo com os guardas municipais, garis, jornaleiros, vendedores ambulantes que trabalham na região onde estavam situadas as intervenções da Bienal, bem como com os freqüentadores habituais das praças. O foco nessas pessoas foi determinado pela suposição de serem formadores de opinião anônimos na malha urbana. Sua presença fixa no território da cidade, ponto de passagem para a maioria dos transeuntes, torna-os referência para muitos dos que atravessam o centro de Vitória. A afirmação das pessoas abordadas sobre a importância das informações que estavam recebendo, tendo em vista serem constantemente indagados por pedestres, fregueses ou não, a respeito das intervenções do 8º Salão Bienal do Mar, confirmou nossa hipótese.

Foi muito curioso constatar algumas conclusões sobre certas intervenções, sobretudo a linha azul do Caminho das Águas. Interpelados por monitores alguns transeuntes afirmavam que era uma demarcação realizada pela Prefeitura Municipal de Vitória do percurso onde a fiação elétrica dos postes seria embutida. Outros diziam que indicava um circuito turístico envolvendo as construções tombadas pelo Patrimônio Histórico e os equipamentos culturais disponíveis na região.

6. Panfletagem
Realizadas aos sábados na Avenida Beira Mar e na Praia de Camburi.
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Michele Cristine Marques Rebello e Patrícia Mendonça Almeida em ônibus da linha Vitória/Guarapari

Patrícia Mendonça Almeida com pescadores da Avenida Beira Mar
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Rejane Afonso Teixeira no ponto de ônibus da Praça Papa Pio XII

Márcia Rodrigues Garcia do Vale no ponto de ônibus da Praça Papa Pio XII


Márcia Rodrigues Garcia do Vale e Michele Cristine Marques Rebello no ponto de ônibus da Praça Papa Pio XII Fotos Célia Ribeiro

7. Oficinas para a comunidade

Foram realizadas três oficinas. Uma para a terceira idade, uma para alunos da 7ª série do ensino fundamental e uma para os internos do Instituto de Atendimento Sócio Educativo do Espírito Santo (IASIS)
Nas duas primeiras oficinas buscou-se contrapor o circuito expositivo oficial (museu, galeria e esculturas em praças públicas) do entorno com as intervenções urbanas, para um grupo cuja grande maioria sequer havia estado em um museu de arte anteriormente. Foi proposto a cada participante conceber alguma forma de intervenção urbana voltada para a comunidade em que vive, de modo a ampliar a discussão de pertencimento afetivo à paisagem urbana que o Salão Bienal do Mar propunha.

Oficina para a 3ª idade, Tamires Nepomuceno e Patrícia Almeida apresentando as instalações da Bienal, na platéia Michele Rebello

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Oficina para a 3ª idade, visita ao Museu de Arte do Espírito Santo, conversa a partir das placas de alerta de "Atenção Arte"

Oficina para a 3ª idade, entre os espelhos de "Nós vemos a cidade como a cidade nos vê", entre as senhoras, os monitores Marcel Nascimento Rosa e Lucas Tristão ferreira
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Oficina para a 3ª idade, encontro com a réplica do Araribóia
Fotos de Michele Cristine Marques Rebello e Giovanna Maria Pereira Faustini

A terceira oficina surgiu de uma proposta lançada a um dos monitores. Impossibilitado de participar das atividades realizadas nos finais de semana, por lecionar informática para adolescentes infratores internos do IASES, o estudante de artes Marcel Nascimento Rosa aceitou trabalhar a proposta da exposição em suas aulas. Como esses adolescentes não poderiam se deslocar para fora da instituição, Marcel apresentou o material da ação educativa, contendo imagens das intervenções realizadas pelos artistas e, em contrapartida, os alunos produziram uma apresentação em PowerPoint na qual eles apresentaram suas propostas, como se também fossem participantes do Salão Bienal do Mar. Dentre as obras, incluem-se trabalhos surpreendentes, como uma cabine de vidro, blindada, na qual o presidente da República e o governador do Estado poderiam entrar e ouvir as reclamações da população carente (os jovens ainda reforçaram que “ninguém ia bater neles, eles apenas teriam que escutar”), ou uma grande instalação com gigantescos bonecos de rapazes e moças boiando pela baía de Vitória, intitulada Era isso que vocês queriam?, numa referência direta à exclusão social pela qual esses jovens passam e que encontram do crime uma alternativa sedutora.

Monitores

Eliana Mendes Carneiro, Filipe Frauches Mecenas, Giovanna Maria Pereira Faustini, Horrana de Kássia Barboza Santos, Ítalo Ângelo Pereira Galiza, Lucas Tristão ferreira, Marcel Nascimento Rosa, Márcia Rodrigues Garcia do Vale, Mariana Schmidt, Michele Cristine Marques Rebello, Patrícia Mendonça Almeida, Rejane Afonso Teixeira, Talita Goulart Arrivabene, Tamires Teixeira Nepomuceno, Thiago Luiz Dutra.

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