Oficinas para professores da rede municipal de Viana – Exposição URU-KU - as disciplinas esquecidas

foto: Tom Boechat

URU-KU - disciplinas esquecidas, Josely Carvalho

Projeto “Re-Invenção de uma cidade”, curadoria Neusa Mendes
Curadoria pedagógica Célia Ribeiro
Galeria de Arte Casarão, Viana, ES - fevereiro a julho de 2011

A artista Josely Carvalho, paulistana que vive entre Nova York e Rio de Janeiro, fez de Viana o seu ateliê, estreitando o diálogo entre a comunidade de Araçatiba, os jovens do bairro Marcílio de Noronha e a arte por meio de vivências, workshops e oficinas narrativas, orientados por ela, com a coordenação pedagógica de Célia Ribeiro.

Oficinas Reflexivas para professores

As oficinas reflexivas sobre a exposição URU-KU – as disciplinas esquecidas envolveram professores de Biologia, História e Artes da rede de ensino público municipal de Viana, e desdobrou-se em três etapas.

Inicialmente os professores foram recepcionados na Galeria Casarão e apresentados ao Programa de Residência Artística de curadoria de Neusa Mendes, iniciado em dezembro de 2010 com a exposição Silentio, de José Rufino, resultado da seleção do projeto [Re]invenção de uma cidade pelo Edital Nacional Arte e Patrimônio-2009. Neste momento foi destacado o aspecto fragmentário da geografia urbana de Viana que instigou a curadora do Programa a escolher este município como local para sua intervenção, visando, através das Artes Visuais, promover a interlocução entre moradores de bairros geograficamente afastados.

Em relação à exposição em cartaz foi apresentado o desafio feito à Josely de Carvalho de trabalhar um projeto de arte/olfativa, sob a curadoria de Kátia Canton, buscando trazer à tona cheiros que guardam as memórias do município de Viana. Também foi descrito o envolvimento da artista com as mulheres quilombolas de Araçatiba e jovens de Marcílio de Noronha. Uma breve narrativa sobre a história do quilombo de Araçatiba e a origem do bairro de Marcílio de Noronha deixou claro o desconhecimento por parte da grande maioria dos professores sobre suas peculiaridades.

Na segunda etapa, de visitação da exposição, os professores expressaram os sentimentos e sensações despertadas em cada um a partir dos módulos da exposição, e discutiram interlocuções possíveis de serem estabelecidas com seus alunos quando levados para visitá-los.

O depoimento,em uma das oficinas, de Wilberth Rodrigues, de Marcílio de Noronha, sobre o envolvimento dos jovens deste bairro com a exposição explicitou o quanto o contato com Josely e o desafio que tiveram auxiliou em uma nova percepção do olfato. Ressaltou que o vídeo, integrante da exposição e produzido com a participação destes jovens, gerou um sentimento de acolhimento pelo grupo do bairro onde residem, fortalecendo os vínculos entre eles e a intensificação de seus encontros e atuação que frutificou na criação do cineclube Cine Via no bairro.

Para concluir foi projetado um data show sobre a trajetória artística de Josely de Carvalho. A partir dele foi desencadeado um debate sobre as temáticas abordadas pela artista (feminismo, violência urbana, guerras étnicas e civis, ofensivas militares empreendidas pelos EUA “contra o terror”, luto, morte, memória, destruição da natureza e de uma cultura por outra), e analisada sua produção artística. Durante toda a discussão foram ressaltadas possibilidades de se trabalhar de maneira interdisciplinar a partir da produção da artista.

Os arquivos digitais produzidos pela curadoria pedagógica contendo textos sobre a produção de Josely de Carvalho e temas abordados em suas exposições, e o data show apresentado, foram disponibilizados para os professores.

O processo da oficina permitiu aos professores vivenciarem as potencialidades de sensibilização de seus alunos para diversas temáticas a partir da experienciação de exposições de artes visuais.

Célia Ribeiro -Curadora Pedagógica
Fotos Waldson Menezes
http:||arteepatrimonio.wordpress.com

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